21 de out. de 2010

A Capa

O título já bombardeava minha cabeça. Muito custou para que eu achasse uma imagem ideal que traduzisse tudo aquilo que o miolo do livro contém. Por muito tempo, enquanto reunia os poemas para o Tudo Que Morre é Consumado eu tinha guardado comigo uma imagem anônima achada na internet de uma menininha sentada sobre uma mesa rústica com um crânio posto em seu colo. Mas, de uma forma ou de outra, o anonimato daquela imagem me incomodava, e não era somente por esse fato, a cosntituição da capa seria muito clichê. Guadeia-a comigo por questão desencargo de consciência até que achasse o que eu conseiderasse ideal.
Foi numa revista sobre arte - Discutindo Arte -, numa matéria intitulada "Grotesco", assinada por Ricardo Bezerra, que tive pela primeira vez algum contato com o nome da artista plástica Jenny Saville. O meu interesse pelo seu trabalho levou-me para a internet no intuito de pesquisar tudo o que eu pudesse sobre a artista plástica inglesa. E foi quando me deparei com o que muitas pessoas poderiam chamar de... grotesco (?). Quando vislumbrei a imagem de um de seus quadros, chamado Shift, foi como num impacto: "É essa! É a capa que eu quero!" As mulheres mortas enfileiradas não traduzem somente a idéia de cadáveres, vai além, é uma idéia ainda mais profunda do próprio conceitual de morte, pois o princípio feminino é o princípio da própria vida. Sem o feminino tudo é vazio, morto. A própria arte vem do princípio anima, do feminino. Escolhida a imagem da capa, parti para a missão de convocar a ajuda dos amigos, os poetas Eduardo H Martins (que me ajudou na conepção, na idéia inicial da capa) e Rodrigo Santos (que arrumou a bagunça formatando e arte-finalizando) me deram toda a força necessária, e assim nascia as vestes que consagrei dignas para mais uma obra.

Shift

JENNY SAVILLE

Nascida em Cambridge em 1970, a pintora inglesa, que faz parte do grupo Young British Artists, é mais conhecida pelos seus retratos de mulheres em grande escala.
Sua pintura já foi comparada a de Lucian Freud. Espatuladas ao invés de pinceladas, a tinta, de forte pigmentação, dá uma impressão muito mais viva da corporalidade das formas humanas.
Desde o seu debut, em 1992, o foco de Jenny é no corpo feminino. Seus esboços publicados e materiais de pesquisa incluem fotografias de lipoaspirações, lesões corporais, deformidades, doenças variadas e pacientes transexuais.
A artista cursou a Glasgow School of Art entre 1988 e 1992, e recebeu uma bolsa de seis meses da University of Cincinnati, onde ela afirma ter visto:

“…diversas mulheres acima do peso. Grandes pedaços de carne branca dentro de shorts e camiseta. Era bom ver este tipo de coisa pois elas tinham justamente a fisicalidade que eu procurava.”

Entre 1992 e 1993 ela estudou na Slade School Of Art. No ano de finalização de sua pós-graduação, o famoso colecionador britânico de arte Charles Saatchi comprou toda a sua exposição e ainda patrocinou a produção de dois anos de pintura. Em 1994 a artista passou algumas horas observando cirurgias plásticas em Nova York. Hoje ela vive e trabalha em Londres e é tutora de pintura figurativa na Slade School of Art.


Conheça mais sobre a artista:


Um comentário:

Poliana disse...

Grandiosa e belíssima escolha.
Sorte e sucesso sempre Romulo!

Um abraço,
Poliana.